Indignado com o fato de não ter sido convidado para a mesa de autoridades na solenidade de abertura do Salão Imobiliário, ontem à noite, no Centro de Convenções, o vice-governador Geraldo Jr. (MDB) tentou fazer uma intriga entre o governador Jerônimo Rodrigues (PT) e a diretoria da Ademi-Ba.
A frustração provocada no vice por causa da postura da Ademi, responsável pelo Salão, o levou a apelar para que Jerônimo intercedesse em seu favor, o que por pouco não arranhou a imagem do governador junto a um dos segmentos econômicos mais importantes de Salvador nem estragou o brilho da festa.
Na semana anterior à sua realização, Geraldo Jr. fez chegar à organização do Salão, que transcorre até o próximo domingo, que fazia questão de falar na solenidade, apesar de o protocolo não prever que o vice-governador discursasse no evento. Depois de pensar em ceder à exigência e até em incluir também a vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) na lista de oradores, a diretoria da Ademi, no entanto, considerando-o um abuso, resolveu desconsiderar o pedido do vice.
Avisado logo na chegada ao Centro de Convenções por assessores de sua exclusão da mesa, o vice-governador abespinhou-se e, colado no pescoço de Jerônimo enquanto percorria os salões do espaço, passou a reclamar alegando que se tratava de um veto e afirmando que ambos estavam sendo desrespeitados.
A pressão que Geraldo Jr. fez sobre o governador foi tamanha que, no momento em que foi apresentado ao presidente da Ademi, Claudio Cunha, Jerônimo protestou contra a ausência dele na mesa e ameaçou deixar o espaço caso a entidade não o colocasse entre as autoridades.
O representante da Ademi retrucou educadamente que o protocolo não previa espaço para o vice na mesa e ponderou que a repentina saída de Jerônimo do evento poderia arranhar sua imagem no setor, além de frustrar a grande expectativa que cercava seu discurso na festa.
O governador refletiu, chamou então o cerimonial e determinou que substituíssem o presidente da Bahiagás, Luiz Gavazza, por Geraldo Jr. na mesa. Apesar da solução, por causa do climão criado por Geraldo Jr., o Salão foi aberto de forma tensa.
Cunha deu partida ao evento com fisionomia constrangida e, ao ser convidado para a mesa, Jerônimo transparecia contrariedade. O governador manteve-se assim até o momento em que, fechando o evento, discursou de improviso e foi bastante aplaudido pela platéia.
Antes, como o primeiro político a falar, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) já havia quebrado o gelo com um estilo mais descontraído que potencializou o anúncio de um verdadeiro pacote de iniciativas para beneficiar os negócios na área imobiliária e o levou também a ser ovacionado.
Apesar de ter conseguido sentar entre as autoridades, Geraldo era o retrato do desconforto. Remexendo-se na cadeira a todo tempo e olhando para os lados, demostrava estar deslocado e pareceu bastante ansioso com a expectativa de um momento para falar que não veio.
Das oito autoridades que tiveram assento à mesa, foi o único que o cerimonial do Salão não chamou a discursar. Entre os construtores, houve consenso de que a Ademi agiu corretamente ao vetar o pronunciamento do vice, levando em conta que ele é pré-candidato a prefeito e pretendia usar o espaço exclusivamente como palanque político, um propósito incompatível com a festa.
Um político que assistiu à cena entre o governador e o presidente da Ademi disse a este Política Livre ter se surpreendido com a ‘imaturidade” do vice-governador revelada por uma situação que ele próprio criou, além de sua determinação em trazer Jerônimo para o centro de um problema que não era dele.
“Ele (Geraldo Jr.) expôs Jerônimo sem a menor necessidade, querendo forçar a Ademi a acolhê-lo. Se o governador não fosse uma figura ponderada, poderia ter se queimado junto a um setor que esperava a oportunidade para conhecê-lo”, declarou um incorporador.
Política Livre.