O médico e ex-deputado estadual Heraldo Rocha rebateu a declaração da secretária de Saúde da Bahia, Roberta Santana, que recentemente afirmou ao Informe Baiano haver escassez de médicos no estado. Roberta destacou que a expansão dos serviços depende de fatores estruturais e técnicos, além da disponibilidade de profissionais.
Heraldo acredita que a fala da gestora representa a admissão de que pacientes oncológicos continuam sem atendimento adequado, sobretudo no interior. Ele lembrou que a realidade atinge também a capital.
“Pacientes aguardam meses por vagas, exames e tratamentos, enquanto a doença avança”, disse.
Segundo o ex-secretário estadual de Saúde, a centralização dos serviços oncológicos em poucas unidades resulta em filas intermináveis, que muitas vezes custam a vida de pacientes.
“A famosa fila da regulação tornou-se um verdadeiro corredor da morte, onde muitos pacientes perdem a oportunidade de tratamento precoce. A carência de equipamentos, a insuficiência de equipes especializadas e a desigualdade na distribuição dos serviços completam o quadro de descaso”, criticou.
Heraldo Rocha também apresentou 6 medidas que, segundo ele, poderiam transformar o atendimento oncológico no estado:
1.Descentralizar os serviços – Implantar centros de oncologia em hospitais regionais de referência, como Feira de Santana, Vitória da Conquista, Barreiras, Juazeiro, Itabuna/Ilhéus e Jequié.
2.Ampliar polos de radioterapia e quimioterapia – Com investimento em equipamentos modernos e equipes multiprofissionais.
3.Fortalecer parcerias – Integrar hospitais filantrópicos e privados à rede estadual.
4.Investir no diagnóstico precoce – Preparar a atenção básica para rastrear e encaminhar casos suspeitos com agilidade.
Cumprir a Lei dos 60 dias –
5.Garantir que o início do tratamento de câncer ocorra em até dois meses após o diagnóstico, como determina a legislação.
6.Criar um Plano Estadual de Oncologia – Estabelecendo metas, fiscalização independente e integração entre capital e interior.
Por fim, o ex-parlamentar disse que a situação atual revela não apenas limitações técnicas, mas falta de prioridade política.
“O câncer não espera a boa vontade do gestor nem a lentidão da burocracia. A Bahia precisa de uma política séria, planejada e descentralizada para que pacientes oncológicos, seja na capital ou no interior, não continuem pagando com a própria vida pela falta de estrutura e planejamento”.
Informe Baiano.