Quando responde de forma misteriosa aos questionamentos sobre a intenção de indicar a mulher, Aline Peixoto, primeira-dama do Estado, a uma vaga de conselheira no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), o governador Rui Costa (PT) pode estar pretendendo realmente fazê-lo.
Afinal, sem justificativa aparente, ele segura há mais de um ano o processo para a escolha do substituto do conselheiro Paolo Marconi, que se aposentou em agosto do ano de 2021. É como avaliam deputados governistas, sem entender a demora de Rui em resolver a pendência até agora, quando está prestes a deixar o governo.
Para eles, o processo eleitoral pode explicar o motivo pelo qual o governador segurou tanto tempo a indicação. Constrangido em ele próprio fazer a nomeação da mulher, Rui estaria esperando a eleição de um correligionário para tentar tornar o processo mesmo suscetível a críticas.
“Não faz sentido o governador segurar por tanto tempo o processo de escolha do novo conselheiro do TCM, com tanta gente interessada”, diz um parlamentar da base, especulando que, por trás da demora, pode estar a estratégia de Rui de promover a própria mulher à condição de conselheira.
O principal questionamento à indicação é feito também pela base. Deputados lembram que além de não ter formação para o cargo – Aline é formada em Enfermagem, profissão à qual se dedicou antes de se tornar primeira-dama – ela nunca exerceu uma função pública de relevância.
Por esta visão, faltaria a ela, portanto, experiência para encarnar a figura de membro do colegiado do Tribunal. Outro aspecto é a suspeita de favorecimento que a nomeação causaria, capaz, no dia de hoje, de produzir um escândalo na política nacional.
Um outro deputado da base governista lembra que o assunto pode virar uma polêmica de grandes proporções, extrapolando as fronteiras baianas, porque o governador é cotado para assumir tanto o ministério das Cidades quanto a Casa Civil ou a Petrobras no governo Lula.
Pelo menos três outros nomes aparecem como interessados na vaga do TCM, apesar de o governador estar jogando parado em relação ao assunto. Na Assembleia Legislativa, seriam candidatos os deputados estaduais Alex Lima (PSB), que não disputou a reeleição, e Fabrício Falcão (PCdoB), que se reelegeu.
Correndo por fora, estaria o secretário estadual da Fazenda, Manoel Vitório, que pode ser substituído no governo de Jerônimo Rodrigues. Os dois primeiros já teriam sinalizado aos colegas ter interesse em disputar a indicação para o cargo, cobiçado pelos altos salários e outros privilégios, como a vitaliciedade.
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