O diretório nacional do PT (Partido dos Trabalhadores) aprovou nesta quarta-feira (13) a indicação do nome do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) para compor a chapa de Lula como vice-presidente. Foram 68 votos a favor e 16 contra. Agora, o tema será levado ao encontro nacional do partido, que será realizado nos dias 4 e 5 de junho. A larga vantagem dos votos no diretório é um indicativo do que poderá acontecer no evento, uma vez que sua composição reflete a correlação de forças dentro do PT.
Texto aprovado pelo diretório, que indica a aprovação da aliança e da composição da chapa, diz que o PT deve buscar ampliar o apoio ao ex-presidente Lula “em outros setores políticos e sociais do campo democrático” para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL), num processo eleitoral “que já se revela o mais duro desde a redemocratização do país”.
“A eleição presidencial deste ano colocará em disputa dois projetos muito claros: o da democracia e o do fascismo”, diz o texto.
A resolução também afirma que a candidatura de Lula é a que tem “reais possibilidades de aglutinar a maioria da sociedade”.
O documento diz ainda que a coligação nacional com o PSB é um “importante passo na direção almejada”. “Confirmará nossa disposição de, no governo, implementar um programa de reconstrução e transformação do Brasil, ampliando nossa base social. ”
Secretário de Relações Internacionais do PT, Romênio Pereira foi um dos que encaminharam voto em favor do nome de Alckmin.
“Foi uma decisão de grande importância. A margem de vantagem favorece a construção de alianças com setores importantes da sociedade. Mostra que o PT está maduro para isso. ”
Também destacado para defender a indicação de Alckmin para a chapa, o deputado federal José Guimarães (CE) afirma que o resultado “consolida um novo campo político capaz de liderar o enfrentamento com Bolsonaro. ”
“Amplia e abre caminho para novas adesões”, acrescenta.
Dos 16 votos contrários, 13 eram a favor da coligação nacional com o PSB, mas contrários à indicação do nome do vice neste momento —e 3 contrários à coligação e ao nome de Alckmin. Maiores tendências de esquerda dentro do partido, a Democracia Socialista e a Articulação de Esquerda se uniram no encontro em oposição ao nome de Alckmin.
Texto apresentado pela DS afirma ser um duplo erro separar a luta contra Bolsonaro de um programa e de uma estratégia de campanha que visem superar o neoliberalismo. Em alusão ao discurso de Alckmin no ato de filiação ao PSB, o documento da DS afirma ainda que o ex-tucano relembrou sua presença na luta pela redemocratização e agora na luta pela reconstrução.
Mas diz que, “num lapso temporal extraordinário, não menciona justamente os anos de governos neoliberais no Brasil onde ele foi um dos expoentes” nem “os anos recentes de apoio ao golpe de 2016”.
“Não se tem notícia de nenhuma autocrítica de Geraldo Alckmin em relação ao ideário neoliberal ou ao golpe que abriu a portas para Bolsonaro”, diz o texto, que acabou endossado pela Articulação de Esquerda.
“Esperamos que o encontro nacional seja capaz de escolher uma candidatura à vice-presidência que contribua para realizar o potencial democrático e antineoliberal desta campanha histórica que deve levar novamente o presidente Lula a governar o Brasil”, continua o documento.
Um dos principais integrantes contra a participação de Alckmin na chapa, o deputado federal Rui Falcão (SP) foi um dos votos contrários na reunião do diretório. Falcão chamou de temerária a eventual escolha do ex-tucano como vice do petista durante reunião virtual de correntes de esquerda do partido, realizada em março.
Acumulando derrotas, a esquerda do PT sugeriu ainda que fosse presencial o encontro nacional da legenda, ao qual será submetido o nome de Alckmin para vice de Lula. A proposta foi, no entanto, descartada sob argumento de falta de recursos para sua organização. A ala minoritária conseguiu, porém, ampliar o número de participantes —de 400 para 800.
No encontro do diretório desta quarta também foi aprovada a federação partidária com PCdoB e PV. Foram discutidas ainda uma proposta de estatuto e carta programa da federação que serão levadas ao debate com as legendas. No dia 9 de março, depois de cerca de quatro meses de negociações, as três legendas decidiram formar a federação. O PSB, que negociava até então com as siglas, optou por ficar de fora da união de partidos. No diretório, foi aprovada uma coligação nacional com o PSB.
A federação prevê que as siglas ficarão unidas ao longo de quatro anos em âmbito nacional, estadual e municipal.
O anúncio da pré-candidatura de Lula deverá ser realizado no dia 7 de maio, em São Paulo. A expectativa é que Alckmin participe do encontro, assim como líderes do PSB e do PT e demais partidos aliados.
Os partidos, as federações partidárias e as coligações deverão solicitar à Justiça Eleitoral o registro das candidaturas até o dia 15 de agosto do ano eleitoral, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O que foi encaminhado
– Na última sexta-feira (8), a cúpula do PSB indicou formalmente o nome de Geraldo Alckmin (PSB) para compor a chapa do ex-presidente Lula (PT) como candidato a vice-presidente
– Na reunião desta quarta (13), o diretório nacional petista indicou a chapa para aprovação no encontro nacional do partido
O que falta
– Aprovação na chapa no encontro nacional do PT, que será realizado nos dias 4 e 5 de junho
– Formalização na convenção partidária do PT, entre o fim de julho e começo de agosto
Candidatura Lula:
O que foi encaminhado
– O anúncio da pré-candidatura de Lula deverá ocorrer em ato no dia 7 de maio em São Paulo. A expectativa é que o ex-governador Geraldo Alckmin participe
O que falta
– Nome do ex-presidente deverá ser aprovado na convenção partidária do PT, entre fim de julho e começo de agosto
– O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) impôs como data limite para registrar a candidatura no dia 15 de agosto
Federação:
O que foi encaminhado
– No dia 9 de março, depois de cerca de quatro meses de negociações, PT, PC do B e PV decidiram formar uma federação partidária. O PSB, que negociava até então com as siglas, optou por ficar de fora da união de partidos
– Na reunião desta quarta (13) do diretório nacional do PT foram discutidas carta programática e estatuto da federação
O que falta
– Carta programática e estatuto serão compartilhados com os demais partidos da federação
– Oficialização das federações partidárias devem ser realizadas até 31 de maio, segundo prazo estabelecido pelo STF (Supremo Tribunal Federal)
Catia Seabra e Victoria Azevedo, Folhapress