O Grand Hamad Stadium já foi palco de vários esportes, como tênis de mesa, rugby de sete e esgrima. Localizado em Doha, é a casa do Al-Arabi SC e será, também, o QG da seleção brasileira durante a Copa do Mundo no Qatar. É lá que Tite começou a definir, desde ontem, o time que vai mandar a campo na estreia do Brasil na Copa do Mundo, quinta-feira (24), contra a Sérvia, em Lusail.
A quatro dias do confronto, o treinador insiste que ainda não tem na cabeça a escalação. Antes de chegar ao Qatar, a delegação teve uma semana de treinos em Turim, na Itália, de onde chegou no sábado (19). Durante esse tempo, o técnico optou por trabalhos específicos.
“Nós trabalhamos aspectos importantes. Simulamos uma carga de trabalho que será importante, tal como se fosse em jogo. Agora são as partes de jogo, definição de equipe, estratégia, bola parada. O time vai ser decidido aqui. Preparação de todos e a definição da equipe serão aqui”, comentou logo na chegada à Doha.
Uma coisa, porém, é certa: a maioria dos jogadores que devem representar o país no primeiro desafio vem do futebol inglês. Pela terceira Copa do Mundo seguida, os jogadores que atuam na Inglaterra são maioria na delegação canarinho, algo que também se reflete no time titular. Alisson, Thiago Silva, Casemiro e Richarlison são peças, praticamente, asseguradas. Fred, Bruno Guimarães e Paquetá brigam, neste momento, por duas vagas no meio de campo. Todos eles jogam na liga inglesa.
“Ajuda muito o atleta estar na elite do futebol. Este ano, seis clubes ingleses tiveram como principal contratação da temporada jogadores brasileiros”, diz Paulo Vinícius Coelho, colunista da Folha, que está no Qatar. “Isso mostra que a principal liga do mundo está olhando para os jogadores brasileiros.”
Dos 26 convocados, 12 estão em clubes da Premier League. Casemiro, Fred e Antony, do Manchester United. Alisson e Fabinho, do Liverpool. Gabriel Jesus e Gabriel Martinelli, do Arsenal. Thiago Silva, do Chelsea. Ederson, do Manchester City. Richarlison, do Tottenham. Lucas Paquetá, do West Ham. E Bruno Guimarães, do Newcastle. Mais um nome ainda poderia ter sido incluído nesta lista, o de Philippe Coutinho, do Aston Villa. Ele só não foi para a Copa por causa de uma lesão muscular.
A Premier League, assim, dobra o número de representantes na seleção brasileira em relação aos Mundiais de 2014 e 2018, quando teve seis atletas em cada edição. Vale lembrar, contudo, que desta vez o número de convocados para o torneio é maior, 26, em vez de 23.
Até a Copa de 1998, nunca um jogador que atuava na Inglaterra havia sido convocado. Em 2002, 2006 e 2010, o número foi de apenas um em cada edição. O atual domínio do futebol inglês também se verifica em outras seleções. Ao todo, o Mundial vai reunir 158 atletas que atuam na Inglaterra. Praticamente, 1 em cada 5 convocados.
O clube com mais convocados, porém, não é um inglês. Trata-se do Bayern de Munique. O atual decacampeão da Bundesliga cedeu 17 atletas, espalhados por oito seleções. Sete deles são da própria Alemanha. Além da predominância do futebol inglês, a formação da seleção brasileira também vem da Europa. Dos 26 convocados, apenas quatro atletas não jogam por lá. O goleiro Weverton, do Palmeiras, Pedro e Éverton Ribeiro, do Flamengo, além de Daniel Alves, que joga no futebol mexicano.
Essa característica tem uma vantagem. Apesar de a seleção brasileira ter tido apenas um jogo contra uma seleção europeia -um amistoso contra a República Tcheca- desde a derrota para a Bélgica, na Copa do Mundo de 2018, os jogadores selecionados por Tite estão mais do que acostumados a enfrentar os europeus.
Mesmo aqueles que não jogam na principal liga do continente, como Neymar, que joga no futebol francês pelo PSG, está mais do que acostumado a duelar contra os maiores jogadores do continente na Liga dos Campeões.
Isso ajuda a explicar o fato de o Brasil chegar ao Qatar com um dos principais favoritos a ficar com o título.
Caderno dos Esportes