Os três candidatos ao governo da Bahia em 2026 – Por Raul Monteiro

O ingresso do ex-deputado federal José Carlos Aleluia no antes restrito cenário da disputa ao governo como representante do Novo, ainda em agosto, pode não ter ocorrido a tempo de produzir impacto no eleitorado mas é monitorado de perto tanto pelas forças governistas, que buscam a continuidade por meio de Jerônimo Rodrigues (PT), quanto por parte da oposição, liderada pelo ex-prefeito ACM Neto (União Brasil). Para os primeiros, o ex-parlamentar, por ser um conservador de direita, pode vir a funcionar, quando a campanha esquentar, atrapalhando os planos de eleição de Neto.

Neste sentido, embora sem a mesma intenção, Aleluia acabaria reproduzindo agora o mesmo papel que João Roma, então candidato do PL de Jair Bolsonaro, desempenhou na disputa de 2022 – quando atuou deliberamente, por ressentimento escancarado, presunção e amadorismo para impedir a eleição do ex-aliado -, o que por si só justificaria um tratamento respeitoso à figura do candidato do Novo pelo governo. Do lado dos netistas, por outro lado, a avaliação é cercada de cautela, exatamente porque não se sabe em que medida a candidatura do ex-deputado pode reter o movimento de agregação do eleitorado bolsonarista à campanha netista.

Foi com este propósito que, depois de muita discussão e conselho, o candidato do União Brasil engoliu a traição de Roma e finalmente assentiu em sentar à mesa com ele para negociar sua indicação a uma das duas vagas ao Senado em sua chapa. Mas não se sabe até que ponto a promessa do ex-ministro da “Cidadania” de Jair Bolsonaro de garantir o apoio dos radicais ao candidato do União Brasil pode funcionar. Primeiro, porque não há indicação de que ele permaneça, na prática, identificado com o segmento, a não ser por um fio de ligação com o ex-presidente por meio da defesa que faz de seus interesses por redes sociais e a imprensa.

Depois, porque não é possível saber como Bolsonaro vai reagir aos planos políticos locais do ex-ministro. Além disso, Aleluia tem acesso direto ao ex-presidente, a quem auxiliou no governo, podendo, a depender de como a disputa nacional se configure, vir a contar com sua simpatia na disputa. Não deve ser por outro motivo que começam a circular especulações de que o candidato do União Brasil não reduz o ritmo de articulações, buscando aproximação com outros quadros que podem robustecer sua chapa, já tendo pensado, inclusive, em negociar com o PSD do senador Otto Alencar posições nela.

As primeiras delas apostam numa negociação que colocaria nas duas vagas ao Senado Angelo Coronel e Otto Filho, do PSD, uma operação que depende também do cenário nacional, mas que representaria um duro golpe no time do governo, onde o apoio à reeleição do senador pessedista enfrenta resistências, porém, em última instância, pode ser absorvido e admitido pelo PT estritamente por necessidade eleitoral. Mas há uma outra, que ganha força, exatamente porque não inclui o filho de Otto Alencar, principal sustentáculo do governo no PSD da Bahia. Contempla a atração de Coronel e seu filho deputado federal, Diego, considerado uma nova máquina política.

Artigo do editor Raul Monteiro publicado na Tribuna de hoje.

Raul Monteiro/Política Livre.

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