Rastreamento de diabetes tipo 2 passa a ser recomendado para todos a partir dos 35 anos

Uma declaração feita pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) lista 15 novas recomendações para o rastreamento e diagnóstico de diabetes tipo 2. Dentre elas, a maior mudança envolve a idade recomendada para adultos assintomáticos, de 45 para 35 anos, e a preferência do teste de tolerância oral à glicose (TOTG) de uma hora -antes era usado o de duas horas. As mudanças se devem à afirmação de que o diagnóstico e tratamento precoces da diabetes tipo 2 podem diminuir o risco de complicações, como doenças cardiovasculares, neuropatias e nefropatias. Além de também detectar a pré-diabetes, dando oportunidade para uma intervenção preventiva.

Bianca Pititto, coordenadora do Departamento de Epidemiologia da SBD e orientadora da pós-graduação em endocrinologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e uma das responsáveis pela publicação, ressalta que a recomendação do rastreamento a partir dos 35 anos é para indivíduos assintomáticos e sem fator de risco. Pessoas com sobrepeso, obesidade e qualquer outro fator de risco adicional devem fazer os exames anteriormente, incluindo crianças com mais de dez anos e mulheres que tiveram diabetes gestacional.

Os demais fatores de risco são: histórico familiar de diabetes, histórico de doenças cardiovasculares, hipertensão, dislipidemia, síndrome do ovário policístico, acantose nigricans e sedentarismo; além de diagnóstico prévio de pré-diabetes, diabetes gestacional e uso de medicamentos indutores de hiperglicemia.

“A alimentação inadequada, rica em alimentos altamente calóricos, ultraprocessados, e o sedentarismo também contribuem para o aparecimento do diabetes em idades precoces”, explica a médica. “Se a pessoa não sabe que tem [diabetes], ela não a trata, e não tratar o diabetes adequadamente está associado com as complicações crônicas em órgãos que chamamos de órgãos-alvo.”

Dentre as complicações estão a alteração da visão, doença renal do diabetes e até mesmo doenças cardiovasculares. O Ministério da Saúde recomenda o uso do questionário Finnish Diabetes Risk Score (FINDRISC) para identificar o nível de risco. O site da SBD disponibiliza o formulário com recomendações de ações baseadas no resultado.

Em pessoas sem fatores de risco e assintomáticas, a SBD recomenda o rastreamento a cada três anos. Para pessoas com fatores de risco ou com diagnóstico anterior de pré-diabetes e diabetes gestacional, os exames devem ser realizados anualmente. No caso dos testes utilizados, a declaração indica que o TOTG de uma hora tem maior precisão na identificação de pré-diabetes e diabetes tipo 2, além de ser mais prático e ter menor custo. A recomendação é baseada em um pronunciamento da Federação Internacional de Diabetes (IDF).

Confira a lista completa de recomendações:

É recomendado o rastreamento em todos os adultos assintomáticos a partir dos 35 anos. Também é recomendado para adultos entre 18 e 34 anos com sobrepeso, obesidade ou qualquer fator de risco adicional. Em crianças, é recomendado o rastreamento após os dez anos de idade ou após o início da puberdade em caso de sobrepeso, obesidade ou qualquer fator de risco adicional. São esses fatores: histórico familiar, sinais de resistência à insulina ou condições relacionadas.

Para os critérios de diagnóstico da diabetes tipo 2, é recomendado utilizar Glicemia de Jejum (FPG), HbA1c, TOTG de 1 hora ou TOTG de 2 horas. Para o rastreamento de pré-diabetes, é recomendado utilizar FPG, HbA1c, 1h-OGTT ou 2h-OGTT.

Para a abordagem inicial do rastreamento é recomendada a determinação de FPG e HbA1c simultaneamente na mesma amostra de sangue. Testes sequenciais também podem ser considerados a depender da disponibilidade, acesso e custo; Em casos de impossibilidade do uso de FPG e HbA1c ou quando esses testes indicarem pré-diabetes, recomenda-se o uso de TOTG.

Para indivíduos de alto risco, é recomendado o TOTG mesmo se FPG e Hb1Ac forem normais. É recomendado a preferência pelo TOTG de uma hora em detrimento ao de duas horas, pelo menor custo e maior viabilidade.

É recomendado que o diagnóstico de diabetes seja estabelecido quando o FPG e o HbA1c se mostram alterados na mesma amostra. Se apenas um dos testes de rastreamento atender aos critérios diagnósticos, é recomendado teste adicional, além da repetição do teste considerado anormal. Em caso de sintomas de hiperglicemia, é recomendado que o diagnóstico de diabetes seja estabelecido com uma glicose plasmática aleatória maior ou igual a 200 mg/dL.

É recomendado que indivíduos assintomáticos, com testes normais e menos de três fatores de risco sejam reavaliados a cada três anos. Para indivíduos assintomáticos, com testes normais, mas com três ou mais fatores de risco, é recomendada a reavaliação após 12 meses.

Quando o diagnóstico for de pré-diabetes, recomenda-se a reavaliação após 12 meses.

Indivíduos com apenas um teste indicando os critérios diagnósticos e os demais testes normais, recomenda-se que sejam reavaliados após seis meses.

Folhapress SP.

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