O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, Kelps Lima (SD), garante que agentes públicos do estado da Bahia serão indiciados quando for concluído o relatório das investigações, em 16 de dezembro.
O parlamentar potiguar salienta que a única maneira de reaver os R$ 48 milhões perdidos na compra malsucedida de 300 respiradores efetuados pelo Consórcio Nordeste junto à HempCare é bloqueando os bens de servidores públicos envolvidos no suposto esquema.
“Os empresários já deram sumiço nesse dinheiro”, diz o parlamentar potiguar nessa entrevista concedida com exclusividade.
O deputado estadual afirma ainda ser fundamental que uma CPI também seja instalada na Bahia e nos demais estados nordestinos, de forma a continuar as investigações nos Estados. “[O caso] envolve fatos graves ocorridos em outros Estados e nós não temos competência pra investigar”, exemplificou.
Confira abaixo a íntegra da entrevista:
Deputados da Assembleia Legislativa da Bahia estão hoje em contato com os parlamentares potiguares para ter acesso ao material da CPI da Covid-19. Como pode ocorrer a colaboração entre as duas casas legislativas para apurar a forma como ocorreu a compra malsucedida de 300 respiradores junto à HempCare?
Tão logo seja aprovado o relatório final da CPI, nós vamos enviar ao presidente da Comissão de Fiscalização e Finanças da Assembleia Legislativa [da Bahia] todo o relatório e toda documentação, tendo em vista que envolve fatos graves e nós, da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, não temos competência pra investigar. E é fundamental que essa investigação continue no âmbito da Bahia.
A partir de todas as informações que já tem, há algo que indique que parcela dos recursos gastos com a aquisição dos respiradores foi desviado?
Com certeza absoluta o dinheiro foi desviado, houve um grande esquema de corrupção em detrimento do povo nordestino e agentes públicos estão envolvidos nesse esquema.
Dentro daquilo que pode ser revelado, autoridades baianas podem ser implicadas no relatório final da CPI?
Agentes públicos do estado da Bahia serão indiciados pela CPI. Isso tudo é que é o que indica a documentação até agora. Mas a gente só vai ter a posição final e oficial dia 16 de dezembro.
O senhor entende que as assembleias legislativas dos outros estados nordestinos também devem instalar CPIs ou basta que as informações do inquérito conduzido pelos senhores sejam repassados para os Ministérios Públicos dos Estados e para a Procuradoria Geral da República?
É fundamental que haja investigação nos parlamentos nordestinos. Essa investigação é longa, é profunda, ela teve uma série de boicotes. Nenhum servidor do Consórcio Nordeste sequer prestou depoimento aqui, mesmo sendo remunerados com o dinheiro do povo do Rio Grande do Norte, do povo da Bahia, do povo dos demais estados. Eles, como servidores, não quiseram falar e com a documentação que a gente já tem essas investigações nas assembleias vão começar muito mais à frente do que foi começado por nós. E elas podem concluir aquilo que não foi possível concluir até agora.
E por que que isso é importante?
A única forma de recuperar o dinheiro dos respiradores é bloqueando os bens dos agentes públicos, dos envolvidos. Os empresários já deram sumiço nesse dinheiro. Então é importante indiciar, processar e bloquear os bens dos agentes públicos envolvidos nesse escândalo.
Davi Lemos/Política Livre