O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira (19), em entrevista a sites de esquerda que o apoiam, que espera selar uma aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido), seja com o ex-tucano ocupando o posto de vice na chapa ou não.
“Espero que o Alckmin esteja junto, sendo vice ou não sendo vice. Parece que ele se definiu em fazer oposição não apenas ao Bolsonaro, mas ao ‘dorismo’ aqui em São Paulo. É importante lembrar que o PSDB do Doria não é o PSDB social-democrata do Mario Covas, do Fernando Henrique Cardoso e do José Serra criado no período da Constituinte, no tempo do Franco Montoro”, declarou Lula, citando o governador de SP João Doria, pré-candidato à presidência pelo PSDB.
A possibilidade de aliança entre o ex-governador e o ex-presidente ganhou força após jantar entre os dois em dezembro do ano passado.
Lula voltou a dizer que não há divergência entre ele e Alckmin que impeça a aliança. “Temos divergências, por isso estamos em partidos diferentes, mas isso não impede que, se for necessário, você construa deixando as divergências num canto e as convergências em outro canto. Não terei nenhum problema em fazer chapa com Alckmin para ganhar as eleições neste país.”
Enquanto os entraves entre PSB e PT continuam sem solução, o PV já se movimenta para ser a segunda opção de nova casa para o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, recém-saído do PSDB. Na disputa pelo Planalto, Alckmin seria o vice na chapa encabeçada por Lula.
Dirigentes do PV têm compartilhado imagens com a mensagem “Vem, Geraldo” para sensibilizar o ex-tucano a se filiar ao partido. Presidente nacional da sigla, o ex-deputado federal José Luiz Penna, porém, diz que, antes de pensar em filiação de Alckmin, é preciso buscar o acerto da federação com PT, PSB, PCdoB e PV.
“Acho que o partido tem o posicionamento de fazer uma pressão maior [pela filiação do Alckmin], mas acho que a gente deve deixar o governador decidir sem esse nível de pressão, entende? Deixar ele confortável”, diz Penna.
Lula ainda falou em aumentar a cobrança de impostos sobre os mais ricos.
“Eu acho que o sistema financeiro vai ter que aprender, quando sentar para conversar com o presidente, não ficar discutindo apenas os seus interesses. Nós precisamos discutir quem é que está preocupado com os milhões de brasileiros que estão dormindo na rua de forma vergonhosa.”
O ex-presidente disse que não vai ser eleito para resolver “problema dos empresários”.
“Eu não posso querer ser presidente da República para resolver o problema do sistema financeiro, para resolver o problema dos empresários, para resolver o problema daqueles que ficaram mais ricos na pandemia. Só tem uma razão de eu ser candidato a presidente da República: é para tentar provar que esse povo pode voltar a ser feliz.”
Bastidores do Poder